quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Vivendo uma noite de mendiga na Austrália / Living one night like a homeless in Australia

Esta semana, depois de ir para a escola e emendar no trabalho até as 3 horas da manhã, dei por conta que tinha perdido a chave de casa. Na hora entrei em desespero, pois tinha trabalhado 10 horas seguidas sem sentar, andado de patinete pela Sydney, e chegado ao meu limite de força (meu chefe perguntou se poderia trabalhar até as 4:30 e recusei pois estava imprestável). Minhas pernas estavam queimando, estava morrendo de sono, tinha aula no outro dia cedo que não podia faltar, e no outro dia também trabalharia até de madrugada.

Depois de muita raiva que sobreveio sobre a minha pessoa por estar nesta situação ridícula e simplesmente por causa de uma chave, decidi apertar algumas vezes a campainha e usar o telefone com o conector de tomada exclusivamente brasileiro e prático nos minutos finais de carga. Nada adiantou. Quando a gente divide o quarto com um monte de gente aprende a anular barulhos e é óbvio que ninguém ouviu, acordou etc... E elas também não eram minha família que poderia fazer um escândalo até que me salvassem do meu erro.


Para contextualizar, aqui na Austrália não tem porteiro nos prédios, mas a segurança funciona. Você não tem permissão para ir a nenhum andar a não ser o seu. É uma chave com código que você escaneia antes de entrar no prédio e dentro do elevador.
Pensei se valia a pena chamar chaveiro, gritar igual uma louca, ir para um bar e beber como nunca, procurar um hotel, chorar, mas por outro lado tive um dia exausto, já eram 4 da manhã, não aguentava caminhar mais um centímetro e uma hora já tinha acabado de se passar (apenas para procurar a chave da mochila acho que demorei meia hora de tanto que tirei e revirei tudo). 

O cansaço venceu e decidi sentar no chão... Depois, quando me dei conta, já estava deitada no chão... Igual um vira-lata todo encolhido com um rabo no meio das pernas. E lá estava eu, minha mochila, meu celular sem bateria, meu patinete, minha vontade de ir ao banheiro, e a falta de um cobertor e travesseiro.  Confesso que não foi o melhor lugar para estar às 5 horas da manhã, mas era o que tinha para o momento e na hora eu precisava apenas aceitar, pois a força eu já não tinha mais. 

Pensei em tudo, na minha mãe vendo eu deitada no chão gelado depois de ter pegado uma gripe, pensei na situação política Brasileira e no resultado das eleições, nos mendigos que dormem no chão diariamente, e também na vergonha de encarar os moradores no outro dia por me verem deitada feito Zé ninguém... Misto de raiva, tristeza, indignação, injustiça, vergonha... Entretanto eu estava tão cansada que não queria saber de mais nada, a não ser do chão. O chão sujo e gelado era melhor que as minhas pernas queimando. 

Psicologicamente e para me sentir mais perto de “casa”, todos que entravam no prédio eu perguntava se morava no sétimo andar e pelo menos pegar “carona” e permissão para chegar perto da porta de casa.

Depois de um tempo um anjo chamado Boat que mora no meu voltou para o térreo com um casaco, um cachecol bem quentinho e uma lata de Coca-Cola. Odeio Coca-Cola, mas naquele momento foi o terceiro melhor presente que havia recebido! Meu Deus do céu como aquele casaco e o cachecol fez diferença na minha vida e tudo foi mais possível de suportar!

E depois de algumas horas mais uma vitória.  Apareceu alguém que morava no meu andar e mudei minha estadia do térreo para deitar em frente da porta de meu apartamento. Lá estava mais quente e agora eu já estava equipada.  No lado de fora de casa, procurei com todo afinco e esperança alguém que levantasse do quarto e fosse para o banheiro, levantasse para tomar água, mas nenhuma movimentação. Até bati na porta, entretanto não foi tipo arrombando pois pensei: esse é o meu problema e não das meninas que moram comigo. E eu também consigo aguentar mais um pouco, pois agora já tenho uma lata de Coca-Cola, um casaco e um cachecol!

No sétimo andar outra barreira foi vencida. Enquanto “dormia” apareceram das trevas um milhão de baratas se mudando de apartamento e encontrando a minha pessoa como um obstáculo no caminho delas. Descobri qual era o tão horário de encontro e de mudança das baratas. E eu vou confessar que estava nem aí pra elas!!! Elas podiam fazer o que quisessem, até entrar no meu apartamento, pois naquela hora o que importava é que eu tinha um casaco, um cachecol e uma lata de Coca-Cola.Como tudo nessa vida passa, a noite também passou e entrei em casa tão logo as meninas acordaram para trabalhar e um novo dia se raiou. Agradeci a Deus pela minha vida, minha saúde, minha família, minha casa, minha cama, minha roupa, meu trabalho, minha comida, pelo casaco, pelo cachecol e pela lata de Coca-Cola.



Ps: Dedico este post ao anjo que apareceu em minha noite, Boat.

--Living one night like a homeless in Australia


In this week I worked until 3 am and when I arrived at home, I realized I’d lost my key. In that time I was desperate because I’ve been worked for 10 hours without sitting down, my legs were burning and I was exhausted.After sometime, I decided to ring the bell and called my share mates but my battery died. Nobody answered unfortunately. When we share the apartment with many people, we learn not to pay attention to the noises around us. 


Furthermore, they are not my family and I couldn’t bothered them with my personal problem and ask them to save me for my mistake.I thought if I should look for a hotel, but it was 4am and I could wait a little bit more. So, I was so exhausted and I seat on the floor. After that, I lied on the floor. And on the floor was me, my backpack, my scooter, my wish for a blanket and the toilet. 
I confess that it was not the best place to stay at 5 am, but in that moment I could only to accept this situation and I wasn’t strong enough to walk one more centimetre.


I thought about my mom, she would be sad to look at me in that situation after had a flu, I thought about the politic situation in Brazil, the result of the election, the homeless, my shame to see the people that live in the same building like me in the next day but I was absolutely tired and nothing mattered, I only wanted the floor. The floor was better than my legs burning. Psychologically and to feel near my home, everybody that entry I asked if they lived in 7 Floor to get into there.An angel called Boat come back on the floor with a jacket, scarf, and a can of coke. I hate coke but was the third best gift I received in that night. I was so happy to have this things and everything got easier to manage.

After few more hours, one more victory. I’ve found one person that live in the same floor and I could stay near my home and lied down in front of my door. It was hotter and I was equipped. I decided to knock the door and looking for some noise in my apartment but was so quiet and nobody answered. And I thought that this was my problem and I could manage some more time because now I had a jacked, scarf and a can of coke.

In the 7 floor I saw many cockroaches moving for the apartments and some of them going to my apartment and I was an obstacle for them. But I didn’t care and they could do whatever they wanted because at that time I was happy that I had a jacked, scarf and a can of coke. Like everything goes away, the night ended and I could enter in my apartment as soon as the girls waked up. I thanked God for my life, my health, my family, my home, my room, my bed, my clothes, my work, my food, the jacked, the scarf and the can of coke.

Ps: I dedicate this post to the angel that appeared to me in that night - Boat.

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Como restituir seu imposto na Australia

ATENÇÃO!!!
Você que tirou seu TFN antes de julho de 2014 e não cadastrou o seu ATO, precisa declarar imposto mesmo que não tenha trabalhado. O ano fiscal aqui é de 01/07/13 a 30/06/14.

O prazo é até 31/10 e dá para fazer sozinho na internet. Depois desta data apenas com contador. E o risco de não fazer é ganhar uma multa do governo e ter que resolver a questão mais para frente. Vale a pena gastar 10 minutos e fazer hoje. Super simples e acabei de fazer o meu ;)

Primeiro de tudo, se trabalhou, peça para seu patrão o “Group Certificate” que nada mais é do que o demonstrativo do seu salário e o quanto ele pagou de taxas. 
Com este papel em mãos:
2. No lado direito superior tem a opção “register” no “My Gov”.
Este vídeo explica como criar a conta My Gov:
4. Depois de criar a conta, linkar com o ATO (Australian Taxation Office)
Na tela virá a pergunta se você já tem o ATO. Se não tiver, preencher o TFN (9 números)
No meu caso, o site não conseguiu identificar minha identidade e eu tive que ligar para o número de telefone que apareceu na tela: 13 28 61.
5. Recebi um número para preencher e rapidamente pude linkar com o ATO.
6. No site e já linkado, “online services”, clicar no “Lodge”, “Lodge my tax”
Preencher as perguntas pessoais que aparecem
Ex: Você é um residente australiano? Sim!
Teve gastos com uniforme? Sim!
Etc...

Resumo: em 10 dias serei restituída pelas taxas que a empresa debitou de meu salário ;)
E nada se compara com o monte de arquivos que temos que baixar no Brasil para fazer a nossa restituição de imposto e o tempo que demoramos.



Welcome to Australia!