sábado, 22 de março de 2014

Como eu consegui trabalho na Australia

O trabalho estava ao meu lado no vôo para a Australia mas não pude enxergar.

Cheguei aqui num domingo a noite e no outro dia de manhã já estava na agencia de turismo perguntando como poderia fazer para encontrar um trabalho, quais eram as opções e o que se adequava melhor ao meu perfil (aqui estou falando de trabalho físico normalmente realizados por estrangeiros, como cleanner, waitress, counterhands, barista, kitchen hand, driver, nanny).

Para cada trabalho existe alguma certificação e como eu tinha focado em waitress e nanny, fiz os cursos de RSA e First Aid na primeira semana.

Mas o trabalho que Deus me deu já no terceiro dia através de uma indicação foi o de removal, ou seja, empacotar caixas para mudança e carregá-las até a garagem. Também estavam inclusos no trabalho lavar o carro, caixas, mesa e cadeira que estava no jardim. Posso dizer que foi uma bela sessão de ginástica com direito a agachamento, bíceps, tríceps e afins e voltei para a casa pingando. Mas o que eu não contava é que já de cara, na primeira semana, ganhei um monte de coisas que estava precisando comprar e outras que inclusive tinha acabado de dar no Brasil, panela, roupa de cama, louça, além de terra, potes para plantar. Foi tanta coisa que precisei de carona para a casa e ajuda para carregar a nova mudança! 

Nas duas semanas que havia chegado, conversei com muita gente para entender o mercado de trabalho, as experiências de cada um e ouvir conselhos. Fiz flyer, currículos de nanny e waitress, além de uns contatos com o Brasil para intermediar agências de publicidade aqui em Sydney. Enviei meu cv para algumas vagas, me cadastrei em sites de emprego, participei de workshop de nanny,  brinquei com crianças na rua e depois falei para os pais que estava a disposição para cuidar do filho delas, me ofereci para trabalhar um dia de graça para ter experiência, pedi trabalho para todo mundo que conhecia na Australia, li jornal, incluí meu email em newsletter de vagas. Teve um cara que me ligou e eu não consegui falar nada ao telefone - ele disse que não era hábil para a posição pois precisava do inglês. Acho que praticamente todos os dias devo ter feito algum movimento para encontrar uma forma de me manter na Aussie, como o povo fala.

E eu tinha esquecido que o trabalho estava ao meu lado no vôo para a Australia...

A segunda semana estava terminando e lembrei do senhor que sentou ao ao meu lado no avião. Ele estava com sua esposa e me perguntou várias coisas, como por exemplo, o que tinha feito eu vir para a Australia, porque eu escolhi a Australia, porque Sydney, onde iria morar, porque escolhi Manly, o que eu fazia no Brasil, quais tipos de clientes eu atendia, qual a minha rotina de trabalho, etc. Meu sentimento era que eu estava sendo entrevistada por mim! As perguntas não sessavam nunca!  Mas por outro lado eu estava treinando o meu inglês e a imersão com a língua tinha acabado de começar ali dentro do avião. Quando pousamos, ele deixou seu cartão e pediu para eu ligar na segunda semana e conversar sobre trabalho. E eu havia esquecido! Estava pensando em trabalhos que exigem grande força física quando Deus tinha separado outra coisa que pela minha mente limitada ou pela baixa auto-estima de chegar num lugar desconhecido e não entender o sotaque tinha me sucumbido. E de repente eu havia perdido o foco do que eu sabia fazer, pois afinal de contas, quem iria me contratar se nem no telefone eu conseguia falar!

Bem, apenas para “ticar” mais um item da minha lista de “find a job”, liguei para o senhor que pediu para eu ir em seu escritório. Depois da aula de inglês compareci mas ele não estava lá. Voltei com raiva para a City pois queria participar de um workshop que ensinava a carregar pratos para a vaga de waitress. No caminho ele me ligou e falou para encontrar ele na City. Ainda pensei: “-caramba, fui até lá para falar com ele e justamente agora que irá começar o workshop ele quer falar comigo? Que perda de tempo!” Enfim... eu fui falar com ele.

O senhor fez mais um tantão de perguntas e para a minha grande surpresa, ele pediu para que eu começasse no outro dia a trabalhar com ele na área de marketing, em um período de experiência. 

Quando saí da entrevista eram 4 horas da tarde em Sydney e 3 horas da manhã no Brasil (14 horas de diferença)! Eu queria ligar para todo mundo do Brasil para contar esta felicidade mas todos estavam dormindo!!! Nesta hora o fuso pesa e não posso falar com quem eu quero na hora que eu quero!  Preciso me programar para falar com a família e amigos e alguém precisa abnegar para ficar até tarde ou acordar de madrugada. Passei a tarde com isso entalado e fui na agencia para contar para alguém, pois eu mesma não estava acreditando!

Estou feliz mas confesso que também estou um com medo danado ao mesmo tempo de não ser capaz de realizar alguma tarefa por conta da língua. Mas o medo é algo que me move e faz ser dependente de Deus.

Posso dizer com todas as letras que não fui responsável por sentar ao lado do diretor da empresa e de ele estar precisando de alguém na área de marketing e em 2 semanas já ter encontrado um trabalho na área.. O trabalho não só bateu a minha porta como caiu do céu enquanto estava no avião. Não é um mérito meu e sim do Pai que tem olhado por mim desde o dia que nasci. E o que Ele dá é perfeito e sempre muito mais do que imaginamos ou merecemos.

Então, não fui eu que consegui o trabalho na Australia, mas Deus, o pai amoroso que a todos atende, providenciou em meu lugar.

quarta-feira, 19 de março de 2014

Hoje eu Chorei

Hoje eu chorei. De raiva, e muita. Entrei na sala de aula toda orgulhosa por ter feito o teste de inglês e ser selecionada para a turma do Upper Intermediate, mas quando o professor começou a misturar todas as conjugações do passado ao mesmo tempo (past simple, past continuous, past perfect simple e past perfect continuous) comecei até a esquecer o que era a conjugação mais básica e travei. Errei todos os exercícios passados em sala. Quanto mais ele falava mais confusa a minha mente ficava e de repente parecia que ele tinha mudado de língua e estava falando Tailandês! Simplesmente meu cérebro deu PT.

A única coisa que passava pela minha mente era sair correndo, chorando e gritando bem alto por toda a Sydney e arrancar os fios de cabelo que restam nesta careca. E o mínimo que consegui fazer para conter todo esse impulso animal que nem sabia de onde estava vindo foi abaixar a cabeça e deixar uma lágrima escorrer pelo meu rosto e cair sobre o livro.

Esta lágrima foi o símbolo do quão difícil poderia ser esta experiência aqui na Australia e que a onda estava só levantando a crista.

A lágrima me mostrou o quanto sou frágil apesar dos 35 anos na cara e não conseguir controlar um sentimento de raiva.

A lágrima me lembrou quantas vezes já chorei por não compreender o que estava sendo explicado numa aula de flauta, harmonia, matemática ou outra qualquer.

Mostrou o quanto estou suscetível ao sentimento de me sentir impotente, pois lá no âmago da minha alma corrupta, eu quero a potência de viver o ideal que não existe, a perfeição divina almejada inclusive pelo mais terrível dos seres.

Mostrou que aqui em Manly não são tudo flores e cores, mas que terei que enfrentar dificuldades como qualquer outra pessoa e não é porque eu tenha esperança que tudo dará certo que realmente as coisas darão certo, pois eu realmente não tenho como prever o meu futuro.

Mostrou que muita gente ao meu redor pode estar passando por algum momento muito pior e precisando de um ombro amigo.

Mostrou que apesar de eu não ter o domínio sobre as coisas e saber que um Ser maior rege todo o universo, eu possa ser negligente e cruzar os meus braços esperando o milagre cair do céu. E que talvez eu tenha que parar de tirar foto no Ferry e estudar nos 30 minutos de ida e vinda para a City, pois isso poderá me ajudar a transformar o Tailandês no Inglês.

Mostrou que preciso depender mais deste Ser superior que tudo vê, pois só Ele irá me acalmar e trazer o conforto que minha alma precisa. Mostrou que uma lágrima é apenas uma lágrima e não se compara com aquele mar imenso que atravesso todos os dias.

Mostrou que o mesmo Deus que acalmou a tempestade enquanto Jesus estava no barco com seus discípulos, é o Deus que enxugará esta pequena gota e dirá para eu mergulhar nesta grande onda dizendo “Vai que estou aqui pertinho”. 

sexta-feira, 14 de março de 2014

Australia – trabalho na área, subemprego ou hobby

Cheguei esta semana e muitas dúvidas surgiram, como por exemplo, se eu irei encontrar trabalho na área, se conseguirei viver de hobby (tocando flauta) ou se serei mais uma aqui que trabalhará em subemprego para viver. Refletindo sobre tudo isso em um curto espaço de tempo, a conclusão mais óbvia foi a seguinte: se eu quero ficar 1 ano aqui, preciso me sustentar. E trabalhar nunca é desmérito, independende do que esteja fazendo.

Corri atrás de diversas maneiras para entender quais são os principais trabalhos, quanto se paga e o que eu preciso para arranjar emprego. Também descobri que existem mais empregos na parte da manhã do que a tarde e que cada part time dá para focar em um tipo de trabalho. Como por exemplo, de manhã é mais comum emprego de barista e cleaner. E a tarde, de nanny e waitress. A primeira decisão que tive que tomar é que tipo de emprego iria focar no início e qual part time iria estudar e trabalhar.

O período que rendo mais é de manhã, logo, estas primeiras horas quero fazer algo por mim e não para os outros. Por isso decidi que o estudo será  matutino.

E o emprego que focarei a princípio será de nanny, bares, e em paralelo tentarei sempre algo na área ou do meu hobby (tocar flauta).

Mas também descobri que para tocar na rua, por exemplo, preciso de uma licença do governo. Não posso sair tocando por aí pois sou capaz de ganhar uma multa. Para ser nanny, preciso do curso de Primeiros Socorros (First Aid) e para trabalhar em restaurantes ou em bares, é necessário ter a carteira de RSA. E se eu quiser encontrar trabalho na minha área com publicidade, preciso de um sponsor.

Então, esta semana aproveitei que ainda não estou estudando inglês e fiz o curso de RSA e First Aid. Já que aqui tudo funciona por indicação, não gostaria de perder oportunidades pelo fato de não ter a certificação. Estudei um monte, tive que ler uma apostila de 100 páginas, foi muito difícil entender o que o professor falava, mas no final deu tudo certo e já estou certificada!

Também fui muito agraciada e consegui um trabalho de mudança. Passei algumas horas ajudando a desmontar a casa e foi uma experiência interessante. Como sou de uma região com muitas enchentes, tive que muitas vezes tirar e guardar. Em SP também cheguei a fazer 5 mudanças! No final acho que já estou apta a ajudar a fazer mudanças e ganhar por isso J

E o trabalho foi ótimo! Sem querer acabei ganhando várias panelas, travessas, eletrônico que já estão sendo usados na casa em que estou morando, e que por si só já pagariam o trabalho, e também muita roupa lindíssima! Engraçado que até 1 semana atrás eu que estava doando as minhas coisas em SP! 

Quanto ao trabalho na área através de um sponsor, ouvi de algumas pessoas que não é a melhor coisa do mundo. Se você encontrar alguma empresa que queira te sponsorar, significa que o patrão pode querer explorar você, já que você não pode trabalhar durante 2 anos para outra empresa e ele sabe que você está aqui por causa de um visto dele.


Enfim, preciso trabalhar com as ferramentas que tenho no momento e posso dizer que a minha primeira experiência de trabalho foi excelente! Conheci novas pessoas, fiz fitness, ganhei roupas e utensílios domésticos, e o melhor, recebi por isso. Quero mais? Sempre! Hahaha.

Manly - Primeira Impressão


Jatlag: Depois de uma noite mal dormida com diferença de 14 horas, fui conhecer a agência de intercâmbio que havia fechado para ir a Australia. Chegando lá, senti dores abdominais incríveis e não me aguentava nem sentada. Deitei sem pestanejar na cozinha da agência e lá fiquei por quase meia hora. Melhorei após a espera e um chá de camomila.

Almocei com minha amiga de SP que está aqui desde dezembro e foi ótimo para um primeiro dia. Ela me deu excelentes dicas de como me virar com transporte, trabalho, etc e inclusive almoçamos num restaurante brasileiro “Brazuca”. Falando em brasileiros, é impressionante a quantidade de gente que vem para cá. Eu fazia a pergunta em inglês e a pessoa me respondia em português! Isso foi no ponto de ônibus, lojas,... Tive um dia de Brasil aqui praticamente!

Depois fizemos compra no supermercado mais em conta, Aldi, e fiquei assustada com o preço das coisas! Não tem nada baratinho aqui! O sabonete mais em conta, por exemplo custa 1 Dólar, ou seja, se converter a moeda e comparar com o Palmolive que eu usava, fica 5 vezes mais caro! O ovo custa AU$4 e assim por diante. Ok, mas preciso comer e me limpar, fazer o quê! Só de raiva fui para a praia!

A primeira que conheci foi a Manly Beach. Que praia mais linda desse mundo! Pensa num lugar cheio de surfista, com água bem clarinha, onde você consegue ver de longe se tem uma folha de árvore, com um sol de rachar, muito vento e água gelada. Era tudo o que eu queria para o meu primeiro dia! Fiquei impressionada com a limpeza e organização. Vi água potável em vários lugares, ducha, bicicletário, banheiro público, ciclovia, canteiro bem cuidado, piscinas para natação na praia, muita gente fitness fazendo exercícios, etc. Algo que também me chamou atenção é que aqui os homens não “comem” as mulheres com os olhos como acontece nas praias brasileiras ou em qualquer outro lugar na rua. Eles são extremamente respeitosos independente da vestimenta que está sendo utilizada, e aqui vi muitas australianas bem ousadas!

Na praia também não encontrei cachorro caminhando. Descobri um lago limpinho onde o povo leva seus cachorros para se banharem. Então, o local vira praticamente um encontro de cachorros! Cada um está no seu devido lugar nesta cidade. Vamos ver o que me aguarda para os próximos dias.


domingo, 9 de março de 2014

Australia – a chegada

Quanta emoção ver o avião descendo em terra nova. Mas confesso que a ficha ainda não caiu. Conheci várias pessoas dentro do avião, nas filas do aeroporto e o que mais tem é brasileiro!
Embarquei 7h em SP, fiz conexão em Santiago e depois para Sydney. Foram 24 horas de sol!!! Estava sentada ao lado da janela e só neste momento me atentei a importância de uma noite na minha preciosa vida (Meu Deus como busquei pela escuridão!).
Cheguei no apartamento e desmaiei. Acordei 3 horas da manhã querendo pular igual uma louca pela cidade (cheguei até a sonhar que estava puxando ferro na academia de tamanho sedentarismo que estou sentindo. Ficar parada é quase um castigo!), mas estou morando num quarto dentro de outro quarto e me aguentando para não fazer barulho.

Ouço muitos sons de passarinho, pombo, coruja, morcego e alguns gritos que na minha ignorância parecem macacos! Logo mais quero descobrir que tanto bicho tem aqui ao redor.