quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

O visto está vencendo: renovo ou volto para o Brasil? / My visa is expiring: renew it or come back to Brazil?

Tudo passa nessa vida, inclusive o visto e chega uma hora que você precisa novamente decidir o que você quer e avaliar os ganhos e as perdas de voltar ou ficar.

Os últimos três meses de visto é agoniante para todos. É quando você se pergunta se atingiu o objetivo, se a rota ou prioridade mudou.  É quando você sonha com muitas malas indo e voltando para o Brasil. Você pergunta aos seus amigos qual escola eles estão estudando, qual curso vocacional escolheram, se estudaram IELTS ou Cambridge, pergunta quando o visto está vencendo e próximos planos na Australia e tudo isso para trocar experiência e chegar a uma conclusão pessoal. Isto falando apenas da opção de visto de estudante, sem considerar outras como sponsorship, working visa, partner visa. O que mais me motiva a ficar é não estar satisfeita com o nível de inglês que gostaria de estar e que me propus quando cheguei aqui.

Antes eu só tinha uma vida. Agora, parece que tenho duas.  E eu realmente acredito que independente do caminho a ser trilhado Deus estará comigo em ambos. É uma decisão que cabe a cada um encontrar paz e ir em frente. Vi muitas pessoas falarem que ficariam aqui por muito tempo e que de uma semana para outra mudaram de ideia e voltaram para seus países. Enquanto outros que estavam com vistos curtos e com a ideia de voltar ficaram aqui por mais tempo. A cada dia sou surpreendida com uma nova história e os motivos que fizeram cada um tomar as suas decisões. E aqui não existe o certo e o errado. Mas a decisão onde você tem que encarar as consequências, pois ambas as escolhas têm as suas perdas. E não adianta dizer que não se arrepende por nada que fez no passado, pois você vai se arrepender quando se lembrar da perda. Fato.

A perda maior em ficar aqui é viver longe da família e amigos. Esta é o suficiente pra fazer com que muitos voltem. Por mais que passamos aniversário, comemorações e natal com novos amigos e que elas são muito prazerosas, não tem como não se lembrar do valor da família nessas horas e de quanto sentimos falta (aqui vale um parêntese que nós que somos brasileiros parece que sofremos mais que os gringos. As outras culturas parecem que lidam melhor com isso, que não é o meu caso).  

Citando as vantagens de morar aqui, acredito que seja a forma diferente de pensar e ver as pessoas. Os instintos ficam aguçadíssimos, a astúcia, auto-defesa, tolerância, mudança de paradigmas e flexibilidade.

E a gente se acostuma com esta nova vida. Com a educação, regras, com o transito fluente, com a ciclovia e a esperar na fila pra atravessar a rua. A gente se acostuma a andar na rua com o celular. A largar a bolsa na festa. A deixar tudo na canga e ir caminhar na praia tranquilamente. A não ver lixo e sujeira na rua e nem buracos. A pagar a própria conta no supermercado.  A gente se acostuma a andar de patinete ao invés do carro. A andar de havaianas quase 100% do tempo e colocar a sandália apenas quando chega ao lugar. Acostuma a andar de mochila. A não pintar a unha toda semana. Acostuma a ver gente muito diferente da gente a toda hora. Acostuma a diferenciar os asiáticos. Acostuma com os cheiros das comidas asiáticas e se acostuma a comer Vegemite. A gente se acostuma com relacionamentos passageiros (não sabemos por quanto tempo cada amigo ficará por aqui, pois sempre tem alguém se despedindo e outro chegando). A gente se acostuma a se adaptar  toda semana. Acostuma a receber pelas horas trabalhadas, a se perguntar antes de comprar algo quantas horas precisa se trabalhar para adquirir aquilo.  A gente se acostuma a viver com muito pouco.

E a gente também se acostuma com aquilo que jamais acharia que acostumaria. A dividir a casa e o quarto com um milhão de meninas. A conviver com 2 milhões de baratas (agora a minha casa que está limpinha mas ao fato de morar no centro da cidade dificultam o extermínio delas pois nós é que estamos vivendo em suas casas). A gente aprende a diferenciar a barata estrangeira voadora (que entra pela janela no 7. andar (ela é maior e com coloração preta amarronzada) e a barata que faz parte da família (pequena, marrom claro, tem asas cheias parecidas com mariposa e fazem festa todos os dias as 3am da manhã).  Até nem mato mais as coitadinhas!

Sim, sinto que é muito cedo para voltar e minha decisão por hora (apenas por hora) é ficar aqui por mais um tempo e isso me faz feliz, apesar de ter consciência daquilo que estou perdendo.

Agora o próximo passo é aguardar a aprovação do novo visto e continuar vivendo um dia de cada vez.



Feliz natal e abençoado 2015. Que seja a paz de Cristo o árbitro dos vossos corações.

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My visa is expiring: renew it or come back to Brazil?

Everything ends in this life, including visa and you have to decide again and evaluate pros and cons of staying and going back.

The last three months of visa are stressful for everybody. It´s the time you ask yourself if you have reached your goal and if any priorities changed. We dreamed with many bags going to and from Brazil. You ask everybody about which school, course they chose and their plans to stay here and the reasons. Here I am only talking about student visa but there are also others as sponsorship, working visa, partner visa. The best reason to stay here is to continue improving my English because it is not as good as I would like it to be.

Before that I only had one life and one option. But now, looks like I have two. I believe that it doesn’t matter which way I travel - God will stay with me. This decision belongs to everybody to find in ourselves the peace to continue walking. I heard many people speaking that they will stay here longer but suddenly changed their mind and returned home. On the other hand I saw many people who wanted to study just for a short period of time but after living here decided to stay longer. And there is no right and wrong choice. But you have to assume the consequences of your decision because there will be cons either way. And don’t say you regret anything you did in the past because again our choices have losses. This is a fact.

The main loss to stay here is living away from family and old friends. However you spend a good time together in special dates with new friends, it is impossible not to remember your family and you’re missing (one parenthesis I think our Brazilian culture suffer a bit more because we are more emotional than rational).

Telling about the advantages to living here, I believe is the new way to think and see the people and the world. Our instinct is more accurate, our cunning, self-defence, tolerance, change of paradigms.

We get used to the new life. With the education, rules, fluent traffic, bike lane, to wait in the queue to cross the street, to walk on the street with mobile. Drop the bag in the party. To let your stuff on the sand with everything and walk on the beach. We get used to see the street cleaned. We get used to pay the bill in the supermarket by ourselves. Drive scooter instead of a car. Walking with Havaianas and backpack almost hundred percent of the time. We get used to not have the nails done every week. We get used to see different people all the time, learn to differentiate Asians. We get used to different smells and to eat Vegemite. We get used with passenger relationships because every day there is someone saying goodbye and the other arriving. We adapt every week. To pay the bills weekly and to ask how many hours I have to work to get the needed money. We get used to live with less.

We also get used with things we never believe we are getting used to, as to share the house and the room with many people and live together with cockroach (now my house is cleaning but the fact is we live in their area). We get used to differentiate the cockroach (there are one that is foreign flying, brownish black and go into the window in the seventh floor and there are the cockroach that belongs to the family, little and light brown with big back and every night they used to do a party. I even stop kill the poor insects!

Yes, it is very early to come back to my country and my decision right now is to stay here a little more and this is makes me feel happy despite the consciousness what I am losing.

The next step is to wait for the approval for the new visa and continue living one day after the other.

Merry Christmas and blessed 2015. “That is the Christ of peace the arbiter of your hearts”.


quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Vivendo uma noite de mendiga na Austrália / Living one night like a homeless in Australia

Esta semana, depois de ir para a escola e emendar no trabalho até as 3 horas da manhã, dei por conta que tinha perdido a chave de casa. Na hora entrei em desespero, pois tinha trabalhado 10 horas seguidas sem sentar, andado de patinete pela Sydney, e chegado ao meu limite de força (meu chefe perguntou se poderia trabalhar até as 4:30 e recusei pois estava imprestável). Minhas pernas estavam queimando, estava morrendo de sono, tinha aula no outro dia cedo que não podia faltar, e no outro dia também trabalharia até de madrugada.

Depois de muita raiva que sobreveio sobre a minha pessoa por estar nesta situação ridícula e simplesmente por causa de uma chave, decidi apertar algumas vezes a campainha e usar o telefone com o conector de tomada exclusivamente brasileiro e prático nos minutos finais de carga. Nada adiantou. Quando a gente divide o quarto com um monte de gente aprende a anular barulhos e é óbvio que ninguém ouviu, acordou etc... E elas também não eram minha família que poderia fazer um escândalo até que me salvassem do meu erro.


Para contextualizar, aqui na Austrália não tem porteiro nos prédios, mas a segurança funciona. Você não tem permissão para ir a nenhum andar a não ser o seu. É uma chave com código que você escaneia antes de entrar no prédio e dentro do elevador.
Pensei se valia a pena chamar chaveiro, gritar igual uma louca, ir para um bar e beber como nunca, procurar um hotel, chorar, mas por outro lado tive um dia exausto, já eram 4 da manhã, não aguentava caminhar mais um centímetro e uma hora já tinha acabado de se passar (apenas para procurar a chave da mochila acho que demorei meia hora de tanto que tirei e revirei tudo). 

O cansaço venceu e decidi sentar no chão... Depois, quando me dei conta, já estava deitada no chão... Igual um vira-lata todo encolhido com um rabo no meio das pernas. E lá estava eu, minha mochila, meu celular sem bateria, meu patinete, minha vontade de ir ao banheiro, e a falta de um cobertor e travesseiro.  Confesso que não foi o melhor lugar para estar às 5 horas da manhã, mas era o que tinha para o momento e na hora eu precisava apenas aceitar, pois a força eu já não tinha mais. 

Pensei em tudo, na minha mãe vendo eu deitada no chão gelado depois de ter pegado uma gripe, pensei na situação política Brasileira e no resultado das eleições, nos mendigos que dormem no chão diariamente, e também na vergonha de encarar os moradores no outro dia por me verem deitada feito Zé ninguém... Misto de raiva, tristeza, indignação, injustiça, vergonha... Entretanto eu estava tão cansada que não queria saber de mais nada, a não ser do chão. O chão sujo e gelado era melhor que as minhas pernas queimando. 

Psicologicamente e para me sentir mais perto de “casa”, todos que entravam no prédio eu perguntava se morava no sétimo andar e pelo menos pegar “carona” e permissão para chegar perto da porta de casa.

Depois de um tempo um anjo chamado Boat que mora no meu voltou para o térreo com um casaco, um cachecol bem quentinho e uma lata de Coca-Cola. Odeio Coca-Cola, mas naquele momento foi o terceiro melhor presente que havia recebido! Meu Deus do céu como aquele casaco e o cachecol fez diferença na minha vida e tudo foi mais possível de suportar!

E depois de algumas horas mais uma vitória.  Apareceu alguém que morava no meu andar e mudei minha estadia do térreo para deitar em frente da porta de meu apartamento. Lá estava mais quente e agora eu já estava equipada.  No lado de fora de casa, procurei com todo afinco e esperança alguém que levantasse do quarto e fosse para o banheiro, levantasse para tomar água, mas nenhuma movimentação. Até bati na porta, entretanto não foi tipo arrombando pois pensei: esse é o meu problema e não das meninas que moram comigo. E eu também consigo aguentar mais um pouco, pois agora já tenho uma lata de Coca-Cola, um casaco e um cachecol!

No sétimo andar outra barreira foi vencida. Enquanto “dormia” apareceram das trevas um milhão de baratas se mudando de apartamento e encontrando a minha pessoa como um obstáculo no caminho delas. Descobri qual era o tão horário de encontro e de mudança das baratas. E eu vou confessar que estava nem aí pra elas!!! Elas podiam fazer o que quisessem, até entrar no meu apartamento, pois naquela hora o que importava é que eu tinha um casaco, um cachecol e uma lata de Coca-Cola.Como tudo nessa vida passa, a noite também passou e entrei em casa tão logo as meninas acordaram para trabalhar e um novo dia se raiou. Agradeci a Deus pela minha vida, minha saúde, minha família, minha casa, minha cama, minha roupa, meu trabalho, minha comida, pelo casaco, pelo cachecol e pela lata de Coca-Cola.



Ps: Dedico este post ao anjo que apareceu em minha noite, Boat.

--Living one night like a homeless in Australia


In this week I worked until 3 am and when I arrived at home, I realized I’d lost my key. In that time I was desperate because I’ve been worked for 10 hours without sitting down, my legs were burning and I was exhausted.After sometime, I decided to ring the bell and called my share mates but my battery died. Nobody answered unfortunately. When we share the apartment with many people, we learn not to pay attention to the noises around us. 


Furthermore, they are not my family and I couldn’t bothered them with my personal problem and ask them to save me for my mistake.I thought if I should look for a hotel, but it was 4am and I could wait a little bit more. So, I was so exhausted and I seat on the floor. After that, I lied on the floor. And on the floor was me, my backpack, my scooter, my wish for a blanket and the toilet. 
I confess that it was not the best place to stay at 5 am, but in that moment I could only to accept this situation and I wasn’t strong enough to walk one more centimetre.


I thought about my mom, she would be sad to look at me in that situation after had a flu, I thought about the politic situation in Brazil, the result of the election, the homeless, my shame to see the people that live in the same building like me in the next day but I was absolutely tired and nothing mattered, I only wanted the floor. The floor was better than my legs burning. Psychologically and to feel near my home, everybody that entry I asked if they lived in 7 Floor to get into there.An angel called Boat come back on the floor with a jacket, scarf, and a can of coke. I hate coke but was the third best gift I received in that night. I was so happy to have this things and everything got easier to manage.

After few more hours, one more victory. I’ve found one person that live in the same floor and I could stay near my home and lied down in front of my door. It was hotter and I was equipped. I decided to knock the door and looking for some noise in my apartment but was so quiet and nobody answered. And I thought that this was my problem and I could manage some more time because now I had a jacked, scarf and a can of coke.

In the 7 floor I saw many cockroaches moving for the apartments and some of them going to my apartment and I was an obstacle for them. But I didn’t care and they could do whatever they wanted because at that time I was happy that I had a jacked, scarf and a can of coke. Like everything goes away, the night ended and I could enter in my apartment as soon as the girls waked up. I thanked God for my life, my health, my family, my home, my room, my bed, my clothes, my work, my food, the jacked, the scarf and the can of coke.

Ps: I dedicate this post to the angel that appeared to me in that night - Boat.

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Como restituir seu imposto na Australia

ATENÇÃO!!!
Você que tirou seu TFN antes de julho de 2014 e não cadastrou o seu ATO, precisa declarar imposto mesmo que não tenha trabalhado. O ano fiscal aqui é de 01/07/13 a 30/06/14.

O prazo é até 31/10 e dá para fazer sozinho na internet. Depois desta data apenas com contador. E o risco de não fazer é ganhar uma multa do governo e ter que resolver a questão mais para frente. Vale a pena gastar 10 minutos e fazer hoje. Super simples e acabei de fazer o meu ;)

Primeiro de tudo, se trabalhou, peça para seu patrão o “Group Certificate” que nada mais é do que o demonstrativo do seu salário e o quanto ele pagou de taxas. 
Com este papel em mãos:
2. No lado direito superior tem a opção “register” no “My Gov”.
Este vídeo explica como criar a conta My Gov:
4. Depois de criar a conta, linkar com o ATO (Australian Taxation Office)
Na tela virá a pergunta se você já tem o ATO. Se não tiver, preencher o TFN (9 números)
No meu caso, o site não conseguiu identificar minha identidade e eu tive que ligar para o número de telefone que apareceu na tela: 13 28 61.
5. Recebi um número para preencher e rapidamente pude linkar com o ATO.
6. No site e já linkado, “online services”, clicar no “Lodge”, “Lodge my tax”
Preencher as perguntas pessoais que aparecem
Ex: Você é um residente australiano? Sim!
Teve gastos com uniforme? Sim!
Etc...

Resumo: em 10 dias serei restituída pelas taxas que a empresa debitou de meu salário ;)
E nada se compara com o monte de arquivos que temos que baixar no Brasil para fazer a nossa restituição de imposto e o tempo que demoramos.



Welcome to Australia!

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Seis meses de Austrália e o trabalho físico

Seis meses de Austrália e o trabalho físico: aguento algumas horas, não uma vida inteira.
Six months in Australia and the physical work: I withstand some hour but not all live.

Meus planos sempre foram ficar um ano na Austrália e esta semana completei metade do percurso traçado. Sim, já se passaram seis meses e chego à conclusão que este tempo não é nada para emergir uma nova cultura e língua. E o quanto é árduo e extenuante o trabalho físico (a maioria dos trabalhos disponíveis a estrangeiros são físicos).

Sonhei que estava escalando. Quando percebi, me vi agarrada, abraçada e sustentada apenas pelos meus braços em uma pedra da montanha. Abaixo, o precipício. A pedra estava suspensa e presa por outras pedras menores ao lado. Abaixo de mim e dos meus pés, apenas o céu. Fiquei com receio de fazer força e desestabilizar as pedras muito bem encaixadas e cairmos todos juntos, eu e as pedras. Mas ao mesmo tempo o meu consolo vinha de que se eu morresse estaria ao lado do Pai. Mas eu não queria morrer e tentava com todas as forças jogar meus pés para cima, sem sucesso. Sabia que poderia aguentar por mais algumas horas, não por uma vida toda. Não naquela posição. Decidi esperar e depois de um tempo, chamei minha mãe e foi quando eu acordei.

Fazendo um paralelo com o que estou vivendo aqui, me sinto fisicamente sem forças para fazer o que estou fazendo. Aqui o meu trabalho é mais físico, no Brasil é mais mental. Ainda não sei o que é mais árduo e isto daria um novo post (o que fatiga mais: trabalho mental ou físico?), mas por hora quero falar sobre o meu cansaço físico. Sinto dores físicas, musculares por todo o meu corpo. Eu não imaginava o que era trabalhar mais de 8 horas sem sentar, não imaginava o quanto uma garrafa de água poderia ser tão pesada, não imaginava que sentiria que as minhas pernas são fracas, pelo menos até hoje. Mas agora me sinto destruída fisicamente. Desde o dedão dos pés até o meu cabelo.

De duas uma: ou eu vou adquirir força para sustentar o que hoje eu não consigo ou eu vou ter que mudar de vida. Por hora eu preciso trabalhar, mas não conseguirei por muito tempo, apenas por mais algumas horas.
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Six months in Australia and the physical work: I withstand some hour but not all live.

My plans always to spend one year in Australia and in this week I’ve already completed six months. This time is nothing to emerge in a new culture and language. And the same way how strenuous is the physical work (most of the jobs available to foreigns are physical).

I dreamed I was climbing when I realized I was only suspended with my arms in a big rock. Below me, there is only the sky. I was afraid to do any movement that could destabilize the rock and fell down with all rocks. My solace was that if this happened, at least I’ll be with my Father. But I didn’t want to die and I was trying with all my strength to put my feet on the rock, without success. I only know I could withstand for more some hours, but not one live in that position. I decided to wait and call to my mom and then I woke up.

If I compare this dream with my current life, I’m feeling exhausted to do what I’m doing. Here in Australia my job is more physical. In Brazil is mental. I already don’t know which is more arduous but at the moment I want to write about my physical fatigue. I’m felling physical and muscle aches for all my body. I’ve never could imagine how difficult is to work more than 8 hours without sitting. I’ve never imagine how a bottle of water could be so heavy.  I never could imagine how weak my legs are.  I’m felling physically destroyed from my toes to my hair.


Or I’ll obtain force to sustain what I can’t actually support, or I need to change my life. I feel as though I am working these hours only to survive in my current situation and to get me by but not really for a long term purpose.

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Porque não?

Esta semana estou prestes a realizar dois grandes e novos desafios em minha vida: participar de um concurso de dança (amadora, só para deixar claro) e tocar zabumba (e não flauta) em uma banda de forró e sopro!

Não me sinto preparada e o sentimento é de incapacidade e prestes a realizar um desastre internacional. Mas a incapacidade entra em confronto com a vontade de ao menos tentar, pois se não for assim, nunca saberei se consigo ou não fazer. Para tentar eu preciso abrir mão do ideal, da perfeição, do meu conforto e dos meus medos. Dar a cara pra bater, me doar e acreditar pelo menos um pouquinho que pode dar certo.

Tenho aprendido que grande parte de nossa baixa autoestima é simplesmente pelo fato de nunca tentar. E se eu colocar horas e um pouco de dedicação mudo a escala do “não sei e tenho medo” para “agora ao menos já sei e consigo me virar”.  Ainda não estou segura quanto esta segunda afirmação, mas é o que estou buscando esta semana desesperadamente com pausa apenas para o post (até trabalho estou recusando!).

A participação no concurso amador de dança começou quando conheci o mais novo parceiro de dança que nunca tinha visto na vida (ou não me lembro). Depois de termos dançado ele perguntou se por algum acaso eu estaria disposta a participar de uma competição de bachata na próxima semana e a resposta foi: porque não? Nunca fiz aula de bachata, tive que aprender este ritmo para dançar com os gringos aqui na Australia. E quanto a dança de modo geral comecei a experimentar um ano e dois meses antes de vir para cá.

Não suficiente com este novo desafio, estava eu voltando do trabalho quando encontrei meus amigos músicos e gritei: “Eu estou desesperada para tocar!!! Me põe na roda!”. A resposta que eu não estava esperando: “vamos tocar com a gente na semana que vem. O ensaio é amanhã e temos cinco dias para treinar”.

Quando a gente deseja uma coisa e aparece assim de supetão escancarado na sua frente dá até medo. Na hora nem pensei e confirmei presença! Não sabia ao certo o que eu tocaria só sabia que na banda já tinha um excelente flautista e eu tocaria um instrumento de percussão.

Fui então introduzida à zabumba. Jamais em toda a minha vida imaginei tocando algum instrumento de percussão e inclusive tinha um pouco de preconceito. E cá estou eu novamente mordendo a minha língua e tentando fazer o milagre e tirar a batida nas duas mãos do xote e baião. Estou andando pelas ruas batendo com as mãos no corpo para ao mínimo conseguir soar a batida básica. .

O final da semana está chegando e estou tentando manter à calma que é praticamente inexistente. Não sei quem é mais louco se sou ou os meus amigos que acreditaram em quem muitas vezes não acredita em si mesmo, mas tem a cara de pau tamanho monstro. Prometo que vou tentar o melhor que puder, e obrigada por já me perdoarem se eu não conseguir. Pois afinal de contas, porque não tentar?

Convido meus amigos que estão na Austrália para participarem deste momento comigo e serem pacientes.


Dedico este post ao novo parceiro de dança que conheci a uma semana, Jay, ao excelente flautista que invejo mil de tão magnificamente ele toca, Oswaldo, e ao Fernando, meu novo professor de percussão fast food em dez segundos. Vocês três são demais! 

terça-feira, 22 de julho de 2014

Morar com brasileiros ou gringos, eis a questão.

Por causa de nossas conexões brasileiras, quando cheguei em Sydney fui morar em uma casa com mais outras 5 brasileiras em Manly em um quarto que era quase privativo. Tudo era incrível: a casa limpa e organizada, o quarto enorme, uma flatroom divertidíssima, a localização, a praia, o ferry, etc, mas o tempo foi passando e comecei a me incomodar pela quantidade de tempo perdido em trânsito e por não falar inglês como gostaria, e o incrível lugar dos sonhos me conectava diariamente com a cultura do meu país que não era a razão de eu estar aqui na Australia, por certo. Algo precisava ser feito urgentemente.

Após 4 meses busquei um apartamento no coração de Sydney com 7 estrangeiras, sendo cada uma de uma parte do mundo: França, Inglaterra, Taiwan, Japão, Korea, China e Burma (minha ignorância é tão grande que nem sabia o que era Burma – para quem também não conhece, Burma é um país localizado abaixo da China, #ficadica ;).

Além da multiculturalidade da casa, a localização não poderia ser melhor. Moro a 15 minutos a pé da vida. Vida entende-se todos os lugares que costumo frequentar durante a minha semana em Sydney, então novamente estou tendo um tempo que estava perdido em algum canto do meu pequeno paraíso em Manly.

Entretanto todos os ganhos tem as suas perdas. Além das outras 7 meninas, estou dividindo o apartamento com outras trocentas baratas que não pagam aluguel. Meu primeiro desafio é como irei administrar um lugar extremamente sujo sem dar a impressão que sou a housekeeper do momento e causar grandes confrontos culturais porque pelo jeito a única pessoa que está incomodada aqui sou eu.

O apego também continua sendo algo que me incomoda um bocado. Todas as 7 meninas conseguem viver com uma mochila e a brasileira tem uma vida inteira para carregar nas costas com muito mais do que 4 malas, necessitando de praticamente uma mansão. Sinto-me envergonhada com a quantidade de coisas que trouxe para cá e que coletei neste curto espaço de 4 meses. Vim do Brasil com 2 malas até a tampa e tripliquei a quantidade neste ridículo período. Não tinha como não perceber as meninas chocadas com as bolsas e malas que chegavam e todas perguntando por que eu tinha tantas coisas. Que vergonha que deu de minha pessoa, meu Deus do céu.  E novamente comecei o processo de desapego que é a parte que quero morrer, doando roupas, sapatos, edredons, roupa de cama para as meninas fazendo "a boa ação para mim" e diminuir a imagem negativa que tinha acabado de causar. 

Bem... nunca em minha vida imaginei sair do meu conforto e viver onde estou vivendo, mas não trocaria por nada esta experiência que estou começando esta semana. É aqui neste apartamento que escolhi viver as próximas mudanças em minha vida, onde não incluem apenas o foco no inglês, mas o confronto com os meus defeitos, imersão em diversas culturas, paciência, flexibilidade, desapego e tolerância. Se eu vou conseguir ainda não sei, mas novamente estou disposta a tentar. 

E que morram as baratas. 

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Cheguei até as nuvens, mas não sei como descer

Há algum tempo tenho sonhado que estou em um lugar muito, mas muito alto, porém instável. Pensa num banco com uma base pequena e pés maiores do que se possa imaginar. E em cima deste banco, outro do mesmo tamanho, e assim sucessivamente, formando uma única coluna. No sonho vou “escalando” as cadeiras sobrepostas – com cuidado, pois a cada minuto tudo pode desmoronar – em direção as nuvens. Três perguntas me veem no sonho:

1: como cheguei até a última cadeira empilhada.
2: como permanecerei aqui pois qualquer respiração feita sinto que as cadeiras se movem e se desestabilizam  e que por um triz tudo irá desabar.
3: como irei descer, pois já não me recordo como subi.

Quando eu escalei as cadeiras, não pensei nas consequências. Apenas agi. E agora tenho que lidar com a insegurança que atingiu o meu ser de que a qualquer momento tudo pode cair por terra. Estou nas nuvens e nessa hora olho para a o chão que está muito, mas muito distante, e as cadeiras se mexem como se eu estivesse em um slackline.

Lembro-me de quando tinha 17 anos e meu pai me levando para prestar a prova de vestibular. Reparando no meu nervosismo fala “Não tenha medo de escalar. Todo mundo pode cair, mas se cair, do chão não passa”.
Não entendo de sonhos mas se eu olhar a vida que estou levando hoje, uma grande mudança ocorreu e não estou na minha zona de conforto. Novamente me reinventei. Realizei um desejo adolescente vindo para a Australia, que parecia ser inalcançável e  “cheguei até a minha nuvem particular”.

Estou muito feliz por estar aqui mas me sentindo extremamente insegura, limitada e com nada palpável. Vivendo a vida na corda bamba e com um monte de dúvidas sobre o meu futuro, pois não sei o que será de mim nos próximos meses ou anos.


Mas esta é a graça da vida. E o meu exercício diário tem sido viver um dia de cada vez: “Portanto, não se preocupem com o amanhã, pois o amanhã trará as suas próprias preocupações. Basta a cada dia o seu próprio mal”. (Mateus 6:34).

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Manly – sons e cheiros

Aqui vale um post para falar apenas dos sons e dos cheiros pois eu estou impressionada! Não sei se é a época, ou se é a Australia ou o bairro, mas andar nas ruas de Manly é uma experiência divina! Cada casa tem um jardim lindíssimo cheio de árvores e flores que exalam perfumes que nunca havia sentido recheado de pássaros de diversos tamanhos, cores e barulhos. Me surpreendi com o papagaio branco de crista lindíssimo e curioso, com outro periquito 7 cores gracioso e barulhento, por morcegos e por outros tantos enormes que quando pousam na árvore chegam até a pesar os galhos. Me surpreendi com os sons do amanhecer e entardecer. A frequência dos sons dos grilos, sapos, passarinhos é algo surreal. Para explicar, eu tive que mudar de lugar para conversar de tanto barulho que eles faziam. De repente pousaram do nada 2 dúzias de passarinhos que me deixaram quase surda! E eles nem se importaram que eu estava lá, pois afinal de contas, lá é a casa deles e não a minha.

25 diferenças das praias Australianas e Brasileiras

1. Tem piscina em todas as praias movimentadas, lava-pé, chuveiro, bebedouro, churrasqueiras públicas e banheiro com papel higiênico.

2. Não há cachorro andando solto. Nada contra cachorros, mas lugar de cachorro não é na praia. 

3. Não se encontra pilhas de lixo no final do dia como garrafas pet, latinhas de cerveja, copos plasticos, palitos de picolé, pitucas de cigarro e afins.

4. O gramado na beira da praia é muito bem cuidado e utilizado pelos australianos que fazem piquenique com vinho, queijo e afins.

5. Há alguns campings públicos com água, chuveiro e banheiro ecológico. Você pode acampar sem gastar um tostão ou no máximo pagar uma taxa mínima de administração. Os campistas levam suas placas solares, banheiros privados e outros equipamentos de camping que só aqui na Australia pude encontrar. 

6. Existe bastante motor home perto das praias, atividade extremamente insegura de se realizar no Brasil, infelizmente.

7. Não tem ninguém vendendo algo na beira da praia. 

8. Não tem esgoto na praia. Ele passa por um tratamento e depois de muita pressão e peneira para diminuir o tamanho e quantidade do lixo, o detrito é encapsulado em mini partículas levadas por tubos subterrâneos a uma grande distancia da praia, servindo de alimento para alguns peixes.

9. Não tem problema deixar celular, chave do carro, prancha e afins.

10. O frescobol é diferente. A raquete é de pano com uma bolinha pequena que não faz barulho como uma raquete de madeira. A velocidade também é mais lenta que o nosso frescobol.
Não tem futebol nas praias australianas e nem taco.

11. Os australianos não correm e andam na areia como os brasileiros. Até tem um ou outro, mas nada que se compare ao tráfego de pedestres caminhando nas praias brasileiras.

12. Os australianos madrugam para nadar na água congelante sem roupa especial. É impressionante a quantidade de australiano nas piscinas construídas ao lado da praia entre 6h30 e 7h30 todos os dias, faça chuva ou faça sol.

13. No costão de pedra entre uma praia e outra há boias salva-vidas em diversos pontos e placas sinalizando a direção e qual distancia as boias estão caso precisar.  

14.Não há tanta diversidade de animais a olho nu na areia ou nas pedras como no Brasil. Isso significa menos siri, barata do mar, conchas, tatuíras, pepinos do mar e afins.

15. Os mais venenosos e mortíferos animas do planeta se encontram nas praias australianas como o polvo de anéis azuis (o veneno mata uma pessoa em 30 minutos e não tem antídoto), o peixe pedra (peixe mais venenoso do mundo), vespa do mar - água viva (o corpo é do tamanho de uma bola de basquete, mas os tentáculos podem chegar até 5m, e carrega veneno para matar até 60 homens), tubarões e outros mais.

16. Os peixes são mais coloridos que no Brasil.

17. Crianças pequenas não usam biquínis/sungas, mas uma roupa de lycra que cobre praticamente o corpo inteiro.

18. Não existe gente andando de biquíni na orla ou nas ruas próximas a praia como no Brasil. O único lugar que se usa roupa de banho é na areia.

19. As pessoas trocam de roupa embrulhadas em uma toalha/roupão. Não se volta para casa com roupa molhada.

20. Não se vê guarda-sol nas praias como no Brasil, apesar da taxa de câncer ser altíssima.

21. As mulheres usam biquíni cobrindo o bumbum por inteiro e fazem topless como na Europa.

22. As mulheres não são devoradas pelos olhares dos homens que no Brasil são vistas como objeto sexual.

23. Não se ouve pagode e nenhum outro som que não seja as ondas do mar na beira da praia.

24. Os brasileiros amam as praias australianas e geralmente escolhem estes lugares para morar, como é o meu caso, por exemplo.

25. Dizem que os australianos não fazem xixi no mar, mas sobre este fato, não há como descobrir a verdade :)

sábado, 12 de abril de 2014

Primeiro mês na Australia

Um pouco sobre saudades, escola, trabalho, amizades, brasileiros, turismo, moradia, locomoção e a praia.

Já faz um mês que estou na Australia e passei por muitos sentimentos neste curto período. O maior é o psicológico da distância que potencializa os sentimentos.

Parece que a saudade fica maior. A frequência que visitava minha família era mensal, mas este mês aqui parece que foi muito maior só pela distancia. Chego a sonhar com minha família, amigos, sobrinha... Esta parte é a que todos reclamam e faz com que a grande maioria volte para o Brasil.

Sobre a escola, agora já não quero mais matar o professor, mas apenas quebrar a perna dele. Brincadeiras a parte, já passou a fase do estranhamento e as coisas estão se encaixando. Não chorei mais na classe e parei de olhar com a cara feia para o professor. Teve um dia que precisava levar comida e música de seu país e eu toquei Carinhoso na flauta e não é que eu fiz as pazes com o professor? Ele até pediu para eu tocar depois para a turma que estava se formando.  Nada que a música não se incuba de resolver J.

Quanto ao trabalho, e cada dia tem sido desafiador e um pouco melhor. No início entendia apenas 30% do que era dito no escritório. Agora já entendo 40%! Hehehe. Ainda sinto frio na barriga e o trabalho mais difícil que eu tenho que realizar não é fechar contratos, negociar mídia ou analisar propostas, fazer invoices e organizar documentos, mas é simplesmente atender cliente no telefone! Eu quero morrer quando preciso ajudar a telefonista nos minutos de pico a agendar shuttle do hotel para o aeroporto. É muito difícil entender o sotaque de cada um e para mim este é o ponto que quero desenvolver nesta empresa: atender telefone! Simples quanto isso. Cheguei inclusive a perder uma cliente que desligou o telefone na minha cara pois eu não entendia o que ela falava! Um desastre para mim e para a companhia.
Outro dia o dono da empresa pediu que não falasse mais ao telefone e gritou: “You need to improve your English! You need to improve your English!!!” Mas o gerente me requisita e eu faço mesmo assim só de vez em quando, pois eu quero “improve my English”.

Quanto as amizades... é muito difícil não conviver com brasileiro. O conselho de praticamente 100% das pessoas é: não fique com brasileiros, mas eu digo para atirar a primeira pedra quem consegue esta proeza. Eu encontro brasileiros na praia, na dança, no bairro, no supermercado, na escola, nos cursos de trabalho, lojas, em tudo quanto é lugar, e a gente se reconhece. O que tenho feito é buscar inserir amigos australianos, europeus, asiáticos no meu convívio para que a conversa obrigue a ser em inglês. Algo que também tenho feito é falar em inglês com brasileiros, mas não é sempre e exige muita disciplina.

Sobre turismo, minha expectativa quando cheguei aqui era conhecer este pedaço por inteiro mas se passou um mês e só consegui conhecer o meu quadrado e este já está bem difícil explorar pois agora só tenho o final de semana e este também é bastante corrido.  Mas estou com uma pulga enorme de curiosidade para desbravar este país.

Falando sobre a moradia, dei sorte em encontrar algo bacana logo de cara. Normalmente as pessoas se mudam bastante no início.  Divido o apartamento com mais 5 pessoas (sim, brasileiros!) e temos escala para tudo. Por mais que esteja trabalhando e estudando longe, estou adorando morar em Manly. É um privilégio estar do lado do paraíso.

Quanto a locomoção, para mim está sendo um pouco desgastante pois chego a gastar quase 4 horas por dia me locomovendo da minha casa para a escola e trabalho. Isso quando não resolvo ir para outro lugar depois do trabalho. Mas fazendo o balanço, ainda compensa morar no paraíso e para minimizar o tempo de locomoção, tenho aproveitado para ler, estudar inglês, falar ao telefone, ler e-mails e acessar rede social.  

Agora falando do paraíso na terra, procuro sempre dar uma passada de manhã e a tarde para correr, caminhar, fazer exercício ou nadar. Comprei uma máscara e um snorkel e tenho visto coisas incríveis em Sherly Beach: peixe branco, transparente, garoupa maior que 30 cm, corais, plantas, etc. É um mundo a parte e com um eco-sistema totalmente desconhecido por mim. Meu espírito de Felícia de apertar e tocar em tudo o que eu vejo fica contido pois afinal de contas não esqueço que estou no lugar com os bichos mais perigosos do planeta e até um peixe (stone fish) ou um coral podem ser fatal.
Também tenho me provocado a entrar na água, mesmo ela sendo congelante para o meu gosto. Se todo mundo entra aqui com a maior naturalidade, porque é que eu não irei entrar??? Neste quesito eu nem penso muito para não desistir e fico na água o quanto aguento.


E o balanço deste primeiro mês é que se eu tivesse que voltar hoje para o Brasil, já terá valido a pena. E o que vier a mais é puro lucro. Que venham os próximos meses...

sábado, 22 de março de 2014

Como eu consegui trabalho na Australia

O trabalho estava ao meu lado no vôo para a Australia mas não pude enxergar.

Cheguei aqui num domingo a noite e no outro dia de manhã já estava na agencia de turismo perguntando como poderia fazer para encontrar um trabalho, quais eram as opções e o que se adequava melhor ao meu perfil (aqui estou falando de trabalho físico normalmente realizados por estrangeiros, como cleanner, waitress, counterhands, barista, kitchen hand, driver, nanny).

Para cada trabalho existe alguma certificação e como eu tinha focado em waitress e nanny, fiz os cursos de RSA e First Aid na primeira semana.

Mas o trabalho que Deus me deu já no terceiro dia através de uma indicação foi o de removal, ou seja, empacotar caixas para mudança e carregá-las até a garagem. Também estavam inclusos no trabalho lavar o carro, caixas, mesa e cadeira que estava no jardim. Posso dizer que foi uma bela sessão de ginástica com direito a agachamento, bíceps, tríceps e afins e voltei para a casa pingando. Mas o que eu não contava é que já de cara, na primeira semana, ganhei um monte de coisas que estava precisando comprar e outras que inclusive tinha acabado de dar no Brasil, panela, roupa de cama, louça, além de terra, potes para plantar. Foi tanta coisa que precisei de carona para a casa e ajuda para carregar a nova mudança! 

Nas duas semanas que havia chegado, conversei com muita gente para entender o mercado de trabalho, as experiências de cada um e ouvir conselhos. Fiz flyer, currículos de nanny e waitress, além de uns contatos com o Brasil para intermediar agências de publicidade aqui em Sydney. Enviei meu cv para algumas vagas, me cadastrei em sites de emprego, participei de workshop de nanny,  brinquei com crianças na rua e depois falei para os pais que estava a disposição para cuidar do filho delas, me ofereci para trabalhar um dia de graça para ter experiência, pedi trabalho para todo mundo que conhecia na Australia, li jornal, incluí meu email em newsletter de vagas. Teve um cara que me ligou e eu não consegui falar nada ao telefone - ele disse que não era hábil para a posição pois precisava do inglês. Acho que praticamente todos os dias devo ter feito algum movimento para encontrar uma forma de me manter na Aussie, como o povo fala.

E eu tinha esquecido que o trabalho estava ao meu lado no vôo para a Australia...

A segunda semana estava terminando e lembrei do senhor que sentou ao ao meu lado no avião. Ele estava com sua esposa e me perguntou várias coisas, como por exemplo, o que tinha feito eu vir para a Australia, porque eu escolhi a Australia, porque Sydney, onde iria morar, porque escolhi Manly, o que eu fazia no Brasil, quais tipos de clientes eu atendia, qual a minha rotina de trabalho, etc. Meu sentimento era que eu estava sendo entrevistada por mim! As perguntas não sessavam nunca!  Mas por outro lado eu estava treinando o meu inglês e a imersão com a língua tinha acabado de começar ali dentro do avião. Quando pousamos, ele deixou seu cartão e pediu para eu ligar na segunda semana e conversar sobre trabalho. E eu havia esquecido! Estava pensando em trabalhos que exigem grande força física quando Deus tinha separado outra coisa que pela minha mente limitada ou pela baixa auto-estima de chegar num lugar desconhecido e não entender o sotaque tinha me sucumbido. E de repente eu havia perdido o foco do que eu sabia fazer, pois afinal de contas, quem iria me contratar se nem no telefone eu conseguia falar!

Bem, apenas para “ticar” mais um item da minha lista de “find a job”, liguei para o senhor que pediu para eu ir em seu escritório. Depois da aula de inglês compareci mas ele não estava lá. Voltei com raiva para a City pois queria participar de um workshop que ensinava a carregar pratos para a vaga de waitress. No caminho ele me ligou e falou para encontrar ele na City. Ainda pensei: “-caramba, fui até lá para falar com ele e justamente agora que irá começar o workshop ele quer falar comigo? Que perda de tempo!” Enfim... eu fui falar com ele.

O senhor fez mais um tantão de perguntas e para a minha grande surpresa, ele pediu para que eu começasse no outro dia a trabalhar com ele na área de marketing, em um período de experiência. 

Quando saí da entrevista eram 4 horas da tarde em Sydney e 3 horas da manhã no Brasil (14 horas de diferença)! Eu queria ligar para todo mundo do Brasil para contar esta felicidade mas todos estavam dormindo!!! Nesta hora o fuso pesa e não posso falar com quem eu quero na hora que eu quero!  Preciso me programar para falar com a família e amigos e alguém precisa abnegar para ficar até tarde ou acordar de madrugada. Passei a tarde com isso entalado e fui na agencia para contar para alguém, pois eu mesma não estava acreditando!

Estou feliz mas confesso que também estou um com medo danado ao mesmo tempo de não ser capaz de realizar alguma tarefa por conta da língua. Mas o medo é algo que me move e faz ser dependente de Deus.

Posso dizer com todas as letras que não fui responsável por sentar ao lado do diretor da empresa e de ele estar precisando de alguém na área de marketing e em 2 semanas já ter encontrado um trabalho na área.. O trabalho não só bateu a minha porta como caiu do céu enquanto estava no avião. Não é um mérito meu e sim do Pai que tem olhado por mim desde o dia que nasci. E o que Ele dá é perfeito e sempre muito mais do que imaginamos ou merecemos.

Então, não fui eu que consegui o trabalho na Australia, mas Deus, o pai amoroso que a todos atende, providenciou em meu lugar.